A 12 de agosto realizamos no largo da achada o Festival de Folclore Rochão 2017 inserido no Festival de Arte Camachense, este ano contamos com o tema "Moinhos" mais precisamente os de Água, como vem sendo habitual realizamos uma mini peça de teatro alusiva aos Moinhos, convidamos todos os nossos leitores assistir a mesma no video que se segue.
Os moinhos de água, que ainda subsistem nos tempos hodiernos, estão quase completamente vetados ao abandono, quando noutros tempos, desempenhavam um papel extremamente crucial na sociedade madeirense.
A cultura cerealífera teve um papel muito importante na Madeira, desde os primórdios do seu povoamento que remonta aos séculos XV e XVI - ou não fosse a razão extrema do inicio do povoamento e seu aceleramento, a falta de pão no Reino de Portugal!?
O trigo e o milho eram moídos de acordo com as preferências individuais, no moinho mais próximo; mas não era apenas como fonte de farinha que estes desempenhavam o seu papel - eram pontos de grande significado social e económico, num contexto de pré-revolução industrial.
No concelho de Santa Cruz, no ano de 1911, havia cerca de 55 moinhos, sendo que o Sítio do Rochão, da Freguesia da Camacha detinha 5 moinhos: um de João Quintal, outro de Aires da Mota; um de António Barreto, outro de José Baptista e, finalmente, outro situado nas Figueirinhas, pertencente ao Ti Miranda, depois transmitido para José do Faial.
Segundo José do Faial: "o moinho era composto por dois "andares": a "loja" (parte inferior) e a "casa" (parte superior). A água era conduzida ao edifício através de um canal denominado de "cubo", que podia ser de madeira ou de pedra. No cubo existia uma espécie de coador composto de barras de ferro, para evitar a entrada e infiltração de pequenos entulhos que dificultariam o funcionamento dos "rodízios".
Os rodízios estavam situados na loja, cuja configuração se assemelhava a uma roda recortada aos bicos, dispostos obliquamente, onde batiam os jatos de água que saiam dos "linguetos” controlados por barras de ferro para fazerem a "têmpera da água".
No centro dos rodízios estava a "pela" (barrote de madeira cilíndrico) a qual gira sobre o "pião" e a "rela", ambas de ferro batido. A rela encaixava-se num barrote horizontal designado de "pau da ponte", com a qual se davam pequenos deslocamentos verticais que faziam variar o afastamento entre as " mós" e consequente grossura da farinha.
Na casa, encontravam-se dois pares de "mós”, um destinado ao trigo, construído em basalto e outro em calcário para o milho.
A "moenda" era constituída por um par de mós de pedra (a superior móvel e a inferior fixa), entre a quais se processava a moagem dos cereais - eram pedras circulares, altas e pesadas cujo centro tinha um orifício chamado de "olho da mó". Sobre a mó superior havia uma caixa de madeira, com fundo em forma de funil, era a "moega", onde era deitado o cereal para a "farinhação".
O pagamento da "moenda" era feito em "maquias ", normalmente para cada "alqueiro" era retirado uma maquia para o moleiro de trigo ou de milho, consoante se tratasse de um ou de outro cereal.
Finalmente, o cereal era transportado para casa, por caminhos sinuosos e ingrimes, sempre levado à cabeça por mulheres hábeis e "apressadas”.
Alexandre Rodrigues
Grupo de Folclore do Rochão
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